terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

SAF (Síndrome Alcoolica Fetal)


SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL (SAF)
A Síndrome Alcoólica Fetal teve seus primeiros relatos em 1968 por Leimone et al., na França, e em 1973 Jones &Smith nos EUA a ratificaram em trabalhos científicos. Desde o Império Romano já havia relatos sobre a incidência aumentada de abortos, natimortos e malformações congênitas em recém- nascidos cujas mães faziam uso de bebida alcoólica na gravidez.
A SAF é caracterizada por microcefalia, dismorfias craniofaciais e retardo mental. Existem outros sintomas associados tais como: malformação cardíaca, baixo peso. Contudo a critérios mínimos para o diagnóstico da SAF que são: retardo do crescimento pré e pós- natal; envolvimento do sistema nervoso, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) e alteração de QI e do comportamento; dismorfismo facial, onde pelo menos dois sinais dos citados a seguir devem estar presentes: microcefalia, microftalmia e/ou fissura palpebral pequena, filtro nasal hipoplásico com lábio superior fino e hipoplasia de maxilar.
Os critérios acima relacionados foram estabelecidos pela “Research Society on Alcoholism” após sinais revisados e sintomas apresentados em 245 pacientes com SAF.
O diagnóstico da SAF em recém-nascidos é mais facilmente realizado após o período neonatal, quando também se associam o retardo mental e o déficit de crescimento. Todavia os recém-nascidos devem ser examinados cuidadosamente à procura de sinais dessa síndrome, pois essas crianças podem apresentar dificuldade de sucção opistótono, hiperexcitabilidade e irritabilidade durante semanas ou meses.
Em adolescentes e jovens adultos as características faciais podem modificar se com o crescimento dificultando o reconhecimento da SAF. Contudo na maioria dos casos ainda podem ser observados a fissura palpebral pequena, o filtro nasal hipoplásico e o lábio superior fino. No entanto, a microcefalia não se altera, o prognatismo é frequente e o déficit ponderoestatural persiste no sexo masculino, mas não no feminino. A puberdade não sofre anormalidades, porém o retardo mental ainda é a maior sequela.
Já é sabido que a SAF é a maior causa de retardo mental no ocidente, a microcefalia tem sido um achado importante, ela geralmente já é observada no período neonatal, porém pode tornar se evidente apenas com o crescimento.
O álcool tem sido responsabilizado por defeitos do tubo neural como anencefalia, meningocele, além disso, o sistema nervoso pode ser afetado pelo álcool em qualquer período da gestação. Microcefalia, disgenesia cerebral e cerebelar, agenesia de corpo caloso e heterotopias neurogliais, são as alterações neuropatológicas mais frequentes. 
Nos indivíduos afetados com a SAF, principalmente quando crianças cerca de 90% têm, alterações oculares como epicanto, ptose, estrabismo, miopia, microftalmia, hipoplasia do nervo óptico e a tortuosidade dos vasos da retina.
As pessoas acometidas com a SAF podem ter também anomalias cardíacas, as mais frequentes são: defeito do septo atrial, septo ventricular, sopro cardíaco, estenose da pulmonar, tetralogia de Fallot, estenose aórtica, coartação de aorta e transposição de grandes vasos.
O diagnostico é realizado se algum (s) dos problemas acima citados estiver presentes, todos esses problemas devem ser tratados e/ou seguidos, concomitantemente, por serviços especializados que ofereçam suporte e recursos preventivos para o paciente e sua família, incluindo programas físicos, psicológicos, ocupacionais e de linguagem.
HABILIDADES LINGUÍSTICAS
São frequentes dificuldades na fala, de aprendizagem na escola, alterações nas habilidades de comunicação linguística. Ausência de emissão oral e prejuízo significativo no reconhecimento e execução de ordens simples. Comprometimento significativo das habilidades sintática, semântica, fonológica e pragmática da linguagem, o que caracteriza um quadro de Distúrbio da Linguagem. Dificuldades para compreender e estruturar a narrativa oral, evidenciando assim, falhas na correlação lexical e no uso de elementos gramaticais, nesses casos o sujeito geralmente apresenta narrativa curta e simplista do ponto de vista estrutural. Os indivíduos que sofrem com a SAF, demonstram habilidades para manter o tema abordado, porém, com prejuízos significativos no que se refere à troca de turno e a escolha e introdução de novos temas.  Dificuldades nas habilidades de raciocínio lógico e matemático e no aprendizado das regras de decodificação grafema-fonema.
HABILIDADES MOTORAS
O recém-nascido de uma alcoolista grave mama pouco, é hiper excitado, e hiper sensível, tem tremores, é irritável, hipotonia muscular, além de alteração do padrão do sono, pode ter apneia, déficit de atenção, transpira muito, hiperatividade e dificuldades na fala devido à alteração  da anatomia do maxilar, à disfunção motora do musculo orofaríngeo e ao déficit auditivo.
HABILIDADES COMPORTAMENTAIS E EMOCIONAIS
O perfil comportamental das crianças com SAF inclui problemas com a fala e a comunicação (p.ex., falam demais e/ou muito rapidamente, interrompendo o discurso de outros); dificuldades tais como: desorganização e perda de pertences; labilidade emocional, como mudanças de humor ou reações extremadas; disfunções motoras; desempenho escolar pobre; dificuldade em iniciar/completar tarefas; pouca atenção; interações sociais deficientes; respostas fisiológicas incomuns, como hiperacusia; hiperatividade e distúrbios do sono dificuldades sociais, desajustes emocionais e familiares, abuso de álcool e de outras drogas, problemas de saúde mental, comportamento sexual inapropriado, vitimização, desemprego, problemas legais e morte prematura.        
OUTRAS CARACTERÍSTICAS
Bebês nascidos com a síndrome costumam apresentar malformações na face, tais como: lábio superior bem fino, nariz e maxilar de tamanho reduzido, cabeça menor que a media, anormalidades cerebrais, apresentando falta de coordenação motora e distúrbios de comportamento, até retardo mental, malformações em órgãos como rins, pulmões e coração. Crianças com SAF podem apresentar sintomas como dificuldades de sucção, opistótono, hiperexcitabilidade e irritabilidade durante semana ou meses.
ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS NA SAF
A SAF é a maior causa de retardo mental no ocidente. Entre 10 a 20% dos indivíduos com SAF sofrem convulsões, porém são raras no período neonatal. O SNC é o mais afetado pela síndrome, contudo o QI pode ser bastante variável, mas geralmente esta entre 60 e 80%.
A microcefalia tem sido um achado muito importante na SAF, geralmente observada já no período neonatal, entretanto, pode tornar-se evidente apenas durante o crescimento.
O álcool vem sendo responsabilizado pelos defeitos do tubo neural, tais como: anencefalia, e meningocele. Clarren at al., em 1986, ao estudar as alterações do SNC concluíram que, o desenvolvimento desse pode ser afetado em qualquer período da gestação. Microcefalia, disgenesia cerebral e cerebelar, agenesia de corpo caloso e heterotopias neurogliais são, as alterações neuropatológicas mais frequêntes.
Os primeiros 85 dias de gestação constituem o período de maior neuromigração e a exposição ao álcool nessa fase pode levar a alterações do córtex cerebral, corpo caloso e da comissura anterior. As heterotopias neurogliais e as disgenesias corticais resultam das exposições durante o segundo trimestre e as alterações de substância branca ocorrem no terceiro trimestre.
POSSIBILIDADES DIAGNÓSTICAS PARA CONHECIMENTO E INTERVENÇÃO
A intervenção psicopedagógica no processo de aprendizagem tem seu enfoque no sujeito que aprende em seus vários contextos: da família, da educação (formal e informal), da empresa, da saúde. Pautada nesta informação, a necessidade da realização de um diagnóstico de intervenção psicopedagógica mediante a utilização de instrumentos e técnicas próprios de Psicopedagogia, que tenham por finalidade a pesquisa, a prevenção, a avaliação e a intervenção relacionadas com a aprendizagem, contando com um repertório de informações e habilidades composto pela pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos.
Dentro desta perspectiva faz-se saber que os objetivos da aprendizagem são classificados em: domínio cognitivo (ligados a conhecimentos, informações ou capacidades intelectuais); domínio afetivo, (relacionados a sentimentos, emoções, gostos ou atitudes); domínio psicomotor (que ressaltam o uso e a coordenação dos músculos). No domínio cognitivo temos as habilidades de memorização, compreensão, aplicação, análise, síntese e a avaliação. No domínio afetivo temos habilidades de receptividade, resposta, valorização, organização e caracterização.
Considerando a utilização de instrumentos, tem se, a história clínica, que deve ser minuciosa, de modo que possa se obter uma impressão do tipo de pessoa que é o paciente e sua família, mas não deve-se incluir informações que violem, desnecessariamente, a privacidade das pessoas envolvidas ou que possam lhes causar constrangimento.
É importante, incluir informações sobre o background cultural, educacional, profissional e sobre os hábitos e personalidade do paciente e de seus familiares. Mas, isso deve ser feito em linhas gerais, restringindo-se às informações que são relevantes para o diagnóstico e resguardando a privacidade e autonomia do cliente.
O trabalho é todo de natureza clínica, quase artesanal, uma investigação neurocognitiva é uma forma de exame do estado mental, o qual deve abordar toda uma série de funções. A exemplo, tem-se os testes de QI (quociente intelectual) que proporcionam resultados que aproximadamente se distribuem em torno de uma curva normal caracterizando a distribuição dos níveis de inteligência em uma população.
Uma abordagem importante é baseada em testes psicométricos, ou seja, pode-se utilizar o fator genérico medido por teste de inteligência, sendo conhecido como g (ver Teoria g), criado por Charles Spearman, é determinado pela comparação múltipla dos itens que constituem um teste ou pela comparação dos escores em diferentes testes; portanto, trata-se de uma grandeza definida relativamente a outros testes ou em relação aos itens que constituem um mesmo teste. Isso significa que, se um teste for comparado a determinado conjunto de outros testes, pode-se mostrar mais (ou menos) saturado em g do que se fosse comparado a um conjunto diferente de outros testes.
Baseando-se também em critérios de diagnóstico do DSM-IV (APA, 1995), que são muito abrangentes e pouco descritivos, encontra-se na literatura especializada, critérios mais específicos que caracterizam melhor os transtornos da leitura, da matemática e da escrita que podem auxiliar no diagnóstico de transtornos sendo estes, segundo Sacristan (1995): dificuldade para diferenciar as letras; dificuldade para unir letras e sílabas; inversão de letras e sílabas; substituição de letras e sílabas; supressão ou adição de letras; leitura oral lenta, sem pontuação; falta de compreensão do que é lido.
Garcia (1998), também descreve dificuldades dos transtornos sendo gramaticais, fonológicos e viso espaciais, este mesmo autor define dificuldades de cálculo a partir do não cumprimento dos requisitos esperados para idade e condição maturacional, que tem como base requisitos da teoria da evolução de Piaget, referenciados da seguinte forma: capacidade para compreender igual e diferente, ordenar objetos pelo tamanho, cor e forma, classificar objetos por suas características; compreender conceitos de longo, curto, pequeno e grande; fazer a correspondência de 1 a 1; usar objetos para soma simples; contar até 10; nomear formas e figuras complexas.
Desta forma crianças entre 6 e 12 anos devem: agrupar objetos de 10 em 10; dizer as horas, reconhecer dinheiro, medir objetos, medir volume, somar e subtrair, resolver problemas simples mentalmente, contar a cada 2,5 e 10, julgar lapsos de tempo, estimar soluções.
Para um diagnóstico mais completo, da aprendizagem, principalmente quando necessário diferenciá-los de outros que acometem a infância, geralmente, é feito quando a criança está na escola, pois estes não se tornam muitos evidentes até o momento em que não existe demanda do trabalho escolar. Crianças na fase pré-escolar podem apresentar extensa variação em suas habilidades e potencial cognitivo e não devem ser consideradas afetadas por transtornos específicos da aprendizagem, uma vez que os testes padronizados para esta fase do desenvolvimento não são bons previsores de habilidades futuras (Selikowitz, 1998; Batshaw el al, 1997).
 A avaliação deve ser multidisciplinar, considerando todos os aspectos intrínsecos e extrínsecos ao sujeito. Deve contar com profissionais médicos generalistas (pediatra), especialistas (neurologistas, psiquiatras da infância), psicólogos, pedagogos, educadores, fonoaudiólogos, especialistas em linguagem dentre outros. Todos os profissionais dentro de suas habilidades técnicas, deve avaliar o sujeito em seu momento do desenvolvimento neuropsicomotor, emocional e social, devem buscar causas, patologias e/ou comorbidades. O sucesso da intervenção/reabilitação está intimamente ligado ao diagnóstico correto e completo do sujeito com dificuldade para aprender.
A idade do aparecimento dos sintomas dos transtornos específicos da aprendizagem está ligada ao potencial cognitivo, inteligência do indivíduo, quadros associados, como transtornos hipercinéticos, baixa autoestima, distúrbios de conduta, que podem mascarar a dificuldade específica.
ATIVIDADES POSSÍVEIS PARA INTERVENÇÃO NA SAF
Caixa de Sensações: o professor pode encapar uma caixa de tênis fazendo um furo em forma de círculo, com dez centímetros de diâmetro. O professor deverá organizar materiais como retalhos, flocos de algodão, pedaços de lixa, tampinhas, caixinhas e outros objetos e ir colocando-os por uma das extremidades, a fim de que a criança, com a mão do outro lado, identifique o material.
Caminho Colorido: com folhas de papel pardo, faça um caminho para que as crianças carimbem os pés, com tintas coloridas. É uma atividade que envolve muito as crianças, e as deixam muito felizes.
Toca do Coelho: Dispor bambolês no pátio da escola de forma que fiquem duas crianças em cada um e que sobre uma fora do bambolê. Ao sinal do professor, as crianças deverão trocar de toca, entrando duas em cada um. Sempre sobrará uma criança fora da toca.
De onde vem o cheiro? : A professora irá passar perfume em um paninho e o esconderá na sala, num lugar fácil, onde os alunos deverão descobrir de onde vem o cheiro.
Dentro e Fora: Fazer uma forma geométrica bem grande no chão e pedir que as crianças entrem na delimitação desse espaço. Se quiser o professor poderá fazer outra forma dentro da que já fez onde irá pedir que os alunos adentrem também, explorando ainda que se a forma é pequena eles irão ficar apertados.
Arremesso: O professor fará uma linha no chão, usando fita crepe e as crianças deverão arremessar garrafinhas plásticas cheias de areia, para frente. O professor irá medir as distâncias e verificar quem conseguiu arremessar mais longe. Depois, em sala de aula, poderá fazer um gráfico explicativo.
Pneus: Esses podem ser usados para várias brincadeiras, como pular dentro e fora, se equilibrar andando sobre a parte de sua lateral ou ainda quem consegue rolar o pneu de um determinado lugar até outro sem deixá-lo cair.
Que som é esse? : Com faixas de tnt preto, vendar os olhos dos alunos e fazer diferentes barulhos usando instrumentos musicais, latas, brinquedos, etc., a fim de que as crianças identifiquem os mesmos.
Caixa Surpresa: Com uma caixa de papelão encapada, o professor irá mandar para a casa de um aluno a fim de que os pais enviem algum material que possa ser descoberto pelas crianças. O professor vai fazendo descrições do material, até que as crianças descubram o que é.
Pega-Pega Diferente: Dividir a turma em dois grupos e identificá-los com lenços ou fitas de cores diferentes. Após o sinal do professor os grupos deverão pegar uns aos outros e a criança pega deverá ficar num espaço delimitado pelo professor. Vence o grupo que tiver mais pessoas que não foram pegas.




BIBLIOGRAFIA

SALES, Silvio Correia; et al. Síndrome de Apert – Relato de Caso. Disponível
24/05/2011.

ZEVALLOS, Pablo. Síndrome de Apert. Disponível em:
http://br.guiainfantil.com/apert.html - Acesso em: 24/05/2011.

 FERNANDES, Patrícia Vieira. Síndrome de West. Disponível em: http://www.deficientesolidario.com.br/index.php?/Todas/sindrome-de-west.html - Acesso em: 25/05/2011.

http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbcdh/v19n1/07.pdf - Acesso em 25 de maio de 2011.
WWW.assocnacpw@yahoo.com.br – Acesso em 24 de maio de 2011.
HTTP://www.scielo.br/pdf/abem/us1n6/a04v5/n6.pdf. – Acesso em 25 de maio de 2011.
CRONEMBERGER, Sebastião, et al. Síndrome de Sturge-Weber: estudo ultrabiomicroscópico. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27492004000200006 - Acesso em: 22/05/2011
SILVA, A. V. etal. Trabalho de pesquisa teórica apresentado como requisito parcial para aprovação acadêmica junto à disciplina BASES NEUROLÓGICAS DA APRENDIZAGEM do Curso de Especialização em Psicopedagogia Clínica e Instittucional da Universidade Estadual Vale do Acaraú –Orientador: Prof. Mário dos Santos. FORTALEZA – CE, 2008.

Créditos à Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

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