SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL: principais consequências
A Detecção da
SAF
Este artigo visa alertar as mulheres gestantes ou não quanto
aos malefícios do consumo de bebidas alcoólicas para o feto/embrião durante o
período gestacional, quais suas consequências, como se pode detectar esta
síndrome, revelando a importância da explanação de tal problema em nosso país,
como também quais as doenças podem ocorrer concomitantemente junto a esta
síndrome, ressaltando quais são as medidas de suma importância imediata para
alertar as mulheres dependentes de bebidas alcoólicas sobre os males causados
por esta substância, por onde poderia ser iniciado este trabalho, com
palestras, seminários e principalmente uma lei federal, onde seria obrigatório
advertências nos rótulos das garrafas, latas ou litros de tais bebidas e também
a proibição de suas propagandas nos veículos de comunicação, tais como
televisão, rádio, jornais, revistas, entre outros visando conscientizar as
pessoas quanto aos seus males irreversíveis.
Palavras-Chaves:
Primeiros relatos; consequências; detecção; prevenção; politícas públicas.
ABSTRACT
This article is
intended to alert pregnant women or not about theevils of alcohol consumption to fetus / embryo during pregnancy, what its consequences,
as we can detect this syndrome,
revealingthe importance of explanation of this problem in our country, as well as diseases which may occur concurrently with this syndrome,highlighting what measures are of utmost importance toimmediately warn women dependent on alcohol on the evils caused by this substance, which could begin this work, with lectures,
seminars and
especially a federal law, which would be mandatorywarnings on labels of bottles, cans or gallons of such drinks and also the prohibition of their
advertisements in the media such astelevision, radio, newspapers, magazines, and others aiming to raise awareness about to its irreversible harm.
Key Words: First
reports; consequences; detection; prevention; public
policy.
SÍNDROME
ÁLCOOLICA FETAL (SAF)
O assunto a ser tratado neste artigo
refere-se à Síndrome Alcoólica fetal, causada pelo abusivo
consumo de álcool durante a gestação, atingindo rapidamente o
feto/embrião através do cordão umbilical, ressaltando a importância da
explanação de tal problema em nosso país e revelando alguns dos problemas
causados por esta síndrome, os quais o indivíduo estará afetado desde seu
nascimento até o fim de sua vida, faz se necessária a abordagem deste assunto em
contexto escolar, já que através desta ocorrem vários problemas de dificuldade
de aprendizagem, sendo também sabido que a mesma é de fácil detecção,
principalmente se esta ocorrer de forma mais severa.
O presente trabalho visa alertar mulheres gestantes ou
não quanto ao risco de se ingerir álcool durante a gestação. Tendo por objetivo
específico a intenção de se prevenir os vários problemas ocasionados por este
mau hábito, através de palestras em escolas, postos de saúde e nas comunidades
em geral, pois, as consequências de tal síndrome ocorrem desde as mais leves
até as mais graves, sendo estas deformidades faciais, transtornos no sistema
nervoso central, malformação congênita entre outras, além de deformidades
crânio faciais leves ou não.
Segundo Ribeiro, Ponte e Araújo a importância do estudo
faz se necessária à medida que não há conhecimento sobre a SAF em nosso país,
tão pouco políticas públicas eficazes que tratem o assunto, relevando a
necessidade da abordagem de tal assunto para que se possa esclarecer todos os
problemas por ele causados, desde o mais leve ao mais severo, sendo (1) as
dificuldades de aprendizagem apresentadas principalmente na idade escolar e (2)
dismorfias craniofaciais e perturbação do cérebro principalmente no Sistema
Nervoso Central (SNC), juntamente com (3) as doenças e transtornos que podem
ocorrer em comorbidades com essas e outras.
A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) é uma matéria de
emergência recente, sendo de consciência pública e consensual, devendo-se desse
modo ressaltar que, em muitos países o excessivo consumo de álcool, a não
sensibilização e a falta de informação da população agrava ainda mais a
situação com exceção de nosso país e outros de terceiro mundo onde o
conhecimento é quase que inexistente. Portanto, à necessidade de uma abordagem
crucial e científica a essa problemática, para que se desenvolvam ações de
prevenção e intervenção. A SAF é conjurada como uma séria problemática que
implica a ausência total de qualquer bebida alcoólica durante a gestação. (Lima,
2008).
A Síndrome Alcoólica Fetal teve seus primeiros relatos
em 1968 por Leimone, na França, e em 1973 Jones & Smith nos EUA a
ratificaram em trabalhos científicos. Desde o Império Romano já havia relatos
sobre a incidência aumentada de abortos, natimortos e malformações congênitas
em recém- nascidos cujas mães faziam uso de bebida alcoólica na gravidez.
O álcool tem sido muito estudado quanto a seus
efeitos no crescimento fetal e parece estar associado ao seu prejuízo
(LUBCHENGO, 1976 b; KEIRSE, 1984). O efeito maior é encontrado nos casos da
“síndrome alcoólica fetal” onde, além de uma série de defeitos faciais e
déficits neurológicos, aparece com muita frequência o retardo de crescimento;
BERKOWITZ (1981) encontrou também associação com a prematuridade. MCDONALD e
cols.(1992) propuseram que o efeito sobre o peso do Recém Nascido (RN) só
existiria se o consumo fosse elevado, mas Little, Asker, Sampson (1986)
referiram que mesmo doses moderadas poderiam estar implicadas no prejuízo do crescimento.
A SAF é caracterizada por microcefalia, dismorfias
craniofaciais e retardo mental. Existem outros sintomas associados tais como:
malformação cardíaca, baixo peso. Contudo a critérios mínimos para o
diagnóstico da SAF que são: retardo do crescimento pré/pós- natal; envolvimento
do sistema nervoso, atraso do Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM) e
alteração de Quociente de Inteligência (QI) e do comportamento; dismorfismo
facial, onde pelo menos dois sinais dos citados a seguir devem estar presentes:
microcefalia, microftalmia e/ou fissura palpebral pequena, filtro nasal
hipoplásico com lábio superior fino e hipoplasia de maxilar.
Os critérios acima relacionados foram estabelecidos
pela “Research Society on Alcoholism” após sinais revisados e sintomas
apresentados em 245 pacientes com SAF.
Cabe salientar que deve se acompanhar as mulheres
que têm dificuldades com ausência do álcool, além da carência de informações
preventivas, enérgicas e continuada.
A SAF é caracterizada por uma grande perturbação do
cérebro (SNC) e outros órgãos, além de dismorfias craniofaciais. (Freire,
Machado, Melo e Melo)
“A SAF constitui uma entidade clínica curiosa, de
certa maneira há muito tempo conhecida, mas ao mesmo tempo, pouco reconhecida
por grande parte dos profissionais da saúde pública e do público em geral,
ainda nos dias de hoje. A SAF é consequência da ação teratológica
tóxico-metabólica do álcool sobre o embrião ou feto em decorrência da ingestão
de bebidas alcoólicas pela mãe durante a gravidez” (Lima, 2008, p. 4).
Sabe-se que o feto recebe diretamente através do
sangue o álcool ingerido pela mãe, não apresentando nenhuma proteção contra a
ação negativa desta substância. Desta forma o álcool entra na corrente
sanguínea materna e através do cordão umbilical, atinge dentro de poucos
minutos o sangue do feto/embrião. Segundo Lima (2008), a SAF é uma condição
previsível e comum que, muitas vezes é negligenciada, apesar de o diagnóstico
ser considerado de fácil detecção.
Cabe ressaltar que, através de estudos realizados
por Guimarães, Teixeira, Guimarães, Mateus, Ruivo e Santos (1995), a SAF
caracteriza-se, principalmente por Dismorfia craniofacial; Atraso estaturo
ponderal; Alterações neurológicas, podendo ocorrer comorbidades com diversas
outras anomalias. Da mesma forma os autores supracitados são da opinião que,
durante o período neonatal 1/3 dos recém-nascidos são de pre-termo e raramente
o Apgar é normal em seu índice, sendo também frequentes algumas reações
metabólicas tais como: hipoglicemia, hipocalcemia e icterícia, além de poder
aparecer a Síndrome da Abstinência Alcoólica.
As manifestações ao nível cognitivo e
comportamental são variáveis e estão sempre presentes. Os sinais e sintomas
relacionados com outros órgãos, tais como o coração e rins, manifestam‐se
de acordo com a localização orgânica e a intensidade do defeito morfológico,
dependendo da fase de gravidez em que ocorreu a ingestão de bebidas alcoólicas.
Para melhor compreensão, abaixo está uma relação entre o órgão e as
manifestações clínicas da SAF (Lima, 2008).
Órgão/
Sistema
|
Manifestações
Clínicas (Sinais e Sintomas)
|
Sistema
Nervoso Central (SNC) /Cérebro
|
Microcefalia; Atraso mental; Déficit
neurocognitivo; Atraso de desenvolvimento psicomotor; Distúrbios de comportamento;
Déficit de atenção com ou sem hiperatividade.
|
Sistema
Cardiovascular/Coração
|
Malformação cardíaca (persistência de
comunicação, tetralogia de Fallot, etc);
Hemangiomas; Dextrocardia.
|
Aparelho
Urinário
|
Rins em ferradura; Disgenesia urovesical;
Hipotrofia dos rins; Fístula vesical; Megaureter, etc.
|
Aparelho
Esquelético
|
Sinostoses; Hipotrofia óssea; Fibroses
congênitas; Espinha bífida; Encefalocele; Mielocele; Escoliose; Hemivértebra,
etc.
|
Malformações
Faciais
|
Microcefalia (fácies pequena); Microftalmmia;
Base do nariz achatada; Baixa implantação das orelhas; Ausência do sulco
nasolabial (philtrum); Lábio leporino, etc.
|
Sistema
Visual
|
Estrabismo; Microftalmia; Ptose; Blefarofimose;
Catarata; Diminuição de acuidade visual, etc.
|
Aparelho
Auditivo
|
Déficit de audição (neurológica ou óssea);
Otites recorrentes; Orelhas pequenas e mal implantadas, etc.
|
Contudo o diagnóstico da SAF apoiado em exames
complementares pode fornecer dados importantes tanto ao grau quanto a extensão
de limitação orgânica, compreendendo os seguintes procedimentos: Tomografia
Computadorizada de Crânio (TC de crânio) ou Ressonância Magnética Nuclear (RNM)
de crânio com estudo funcional (exames de neuroimagem); Eletroencefalograma (EEG);
Testes neurocognitivos; Avaliação psicopedagógica (desempenho escolar); Outros
exames e testes de acordo com as necessidades clínicas de cada indivíduo
(testes de audição, visão, etc).
Diante de todas essas informações, ressalta-se a
importância da abordagem do tema, muito comum atualmente e ao mesmo tempo pouco
esclarecido perante as pessoas, sejam essas mulheres gestantes ou não, homens
não importa, tal síndrome deve ser divulgada.
. Ocorre ainda má formação dos olhos,
dos rins, do esqueleto e dos genitais, além de defeitos cardíacos em 30/100
crianças com a SAF. Estudo realizado pelo doutor Hermann Loser realizado com
200 crianças até a idade adulta, afirma que desde que essa patologia foi
conhecida, não foi possível diminuir o número de recém-nascidos atingidos.
Alguns desses motivos são:
1. São
raros os médicos que, conversam com suas clientes sobre o hábito de beber;
2.
A maioria das mulheres não sabem, ou reprimem o
conhecimento, que as crianças, vítimas do álcool, são prejudicadas pela vida
toda;
3.
Nas garrafas e latas de bebidas alcoólicas
faltam advertências o que deveria ser obrigatório, como por exemplo, nos
Estados Unidos, além da proibição de propagandas destas bebidas em meios de
comunicação como televisão e rádio;
4.
Para o tratamento de gestantes dependentes do
álcool, são raros os lugares adequados para este fim. Quando existe, o
tratamento ocorre, muitas vezes, somente depois do parto;
5.
Muitas vezes a mulher dependente de álcool deixa
temporariamente de menstruar. Só percebendo que está grávida quando sente os
movimentos da criança;
6.
Nesse momento, as malformações orgânicas e os
danos cerebrais já ocorreram.
O feto que bebe
junto com a mãe no ventre materno, muitas vezes nasce prematuro e com peso bem
abaixo do normal, tem dificuldade de respirar, muitos morrem nos primeiros dias
após o parto. Toda extensão do dano causado pelo álcool está totalmente
relacionada com a duração e quantidade da ingestão de álcool e, sobretudo, com
a capacidade do organismo feminino de digerir o álcool. Dessa maneira cabe
salientar que, o tempo e a regularidade de ingestão de álcool aumentam os danos
provocados no fígado. Este demorando cada vez mais para digerir o álcool.
Como o álcool passa rapidamente para a
corrente sanguínea, um simples drinque da mãe já atua sobre o bebê dentro de 10
minutos, com o mesmo valor em Placa Palatina de Memória (PPM), lembrando que o
álcool mesmo consumido em pequenas quantidades prejudica o embrião.
Sendo
assim, recém-nascidos de mães que bebem moderadamente sofrem de problemas de
concentração e dificuldades comportamentais. O fígado imaturo do feto produz
menos enzimas que decompõem o álcool do que o fígado da mulher adulta. O
processo de digerir o álcool pelo fígado imaturo do feto é bem mais prolongado
e continua mesmo depois de a mãe estar sóbria. O uso abusivo de álcool pela
gestante não prejudica apenas o fígado, as consequências se alastram até o
cérebro.
As circunvoluções cerebrais são menos
pronunciadas e numerosas células nervosas ficam atrofiadas, durante a formação
do cérebro de um feto quando a gestante faz uso do álcool por menor que seja.
Prejudicando desta maneira as conexões tão importantes para a transmissão de
impulsos, pois, uma rede incompleta de neurônios conduz a informações errôneas
e reações estranhas. Mais estranhos ainda são os problemas com a alimentação,
que somente são superados através de quantidades mínimas de alimento durante
meses ou anos, contudo em casos graves, só podem ser solucionados através de
sonda nasal. Crianças acometidas com SAF, geralmente recusam o alimento por
lhes faltar a vontade normal de se alimentar e muitas vezes comer e beber lhes
causa medo e mal estar.
Nessas crianças, o tecido adiposo não
é bem desenvolvido, ela tem baixo peso e estatura, nervosismo inexplicado
frente a determinados ruídos, irritabilidade excessiva, receio de qualquer
contato físico, hiperatividade, sensação de náusea frente a cheiros comuns,
além de dificuldades na fala são problemas frequentes.
Muitas das crianças acometidas com a
SAF vivem em creches ou com pais adotivos, porque os pais biológicos não cuidam
ou não podem cuidar. Cabe salientar que as pessoas que cuidam dessas crianças
sabem muito pouco ou nada sobre esta doença, pois a mesma somente é
diagnosticada a tempo em um quarto dos recém-nascidos.
Dentre essas
crianças, somente 17% conseguem acompanhar o currículo normal, metade delas tem
de frequentar uma escola para crianças com dificuldades de aprendizagem e um
quinto vão a uma escola para crianças especiais. A cada oito crianças acometidas
com a SAF uma não pode frequentar uma escola.
A DETECÇÃO DA SAF
O diagnóstico da SAF em recém-nascidos é mais
facilmente realizado após o período neonatal, quando também se associam o
retardo mental e o déficit de crescimento. Todavia os recém-nascidos devem ser
examinados cuidadosamente à procura de sinais dessa síndrome, pois essas crianças
podem apresentar dificuldade de sucção opistótono, hiperexcitabilidade e
irritabilidade durante semanas ou meses.
Segundo Junior (1992), para tal detecção é
necessário:
Investigar certos comportamentos que implicam no
consumo de substâncias de uso bastante difundido na população e, até certo
ponto, “socialmente aceitas”. É o caso do fumo e do álcool – hábitos (ou
vícios) mais prevalentes na sociedade – e também os mais estudados quanto aos
seus efeitos sobre o peso do RN.
Em adolescentes e jovens adultos as características
faciais podem modificar se com o crescimento dificultando o reconhecimento da
SAF. Contudo na maioria dos casos ainda podem ser observados a fissura
palpebral pequena, o filtro nasal hipoplásico e o lábio superior fino. No
entanto, a microcefalia não se altera, o prognatismo é frequente e o déficit
ponderoestatural persiste no sexo masculino, mas não no feminino. A puberdade
não sofre anormalidades, porém o retardo mental ainda é a maior sequela.
Já é sabido que a SAF é a maior causa de retardo
mental no ocidente, a microcefalia tem sido um achado importante, ela
geralmente já é observada no período neonatal, porém pode tornar se evidente
apenas com o crescimento.
O álcool tem sido responsabilizado por defeitos do
tubo neural como anencefalia, meningocele, além disso, o sistema nervoso pode
ser afetado pelo álcool em qualquer período da gestação. Microcefalia,
disgenesia cerebral e cerebelar, agenesia de corpo caloso e heterotopias
neurogliais, são as alterações neuropatológicas mais frequentes.
Nos indivíduos afetados com a SAF, principalmente
quando crianças cerca de 90% têm, alterações oculares como epicanto, ptose,
estrabismo, miopia, microftalmia, hipoplasia do nervo óptico e a tortuosidade
dos vasos da retina.
As pessoas acometidas com a SAF podem ter também
anomalias cardíacas, as mais frequentes são: defeito do septo atrial, septo
ventricular, sopro cardíaco, estenose da pulmonar, tetralogia de Fallot,
estenose aórtica, coartação de aorta e transposição de grandes vasos.
O diagnostico é realizado se algum(s) dos problemas
acima citados estiver presentes, todos esses problemas devem ser tratados e/ou
seguidos, concomitantemente, por serviços especializados que ofereçam suporte e
recursos preventivos para o paciente e sua família, incluindo programas
físicos, psicológicos, ocupacionais e de linguagem.
Relato de um caso de
SAF em uma unidade escolar, realizada através de observação e pesquisa
realizada com funcionários da UE.
Após iniciar meus
trabalhos como docente em uma unidade escolar da cidade de Campinas, comecei a
ter contato com o aluno C.H.F.C.S. de 15 anos de idade, observando-o pude
perceber que o mesmo apresenta algumas dificuldades no processo de
ensino/aprendizagem, tais como: falta de interesse pelos estudos, participação
em aula, falta de organização, não apresenta trabalhos escolares, ausência de
material escolar, não possui curiosidade científica, nem expressão oral ou
escrita, muita dificuldade em leitura, consciência cívica e moral, falta de
respeito as regras e normas da escola.
A partir destas
observações, iniciei um trabalho de investigação em várias habilidades do
mesmo, nas quais podem ocorrer várias das dificuldades descritas abaixo.
Habilidades Linguísticas
São frequentes dificuldades na fala, de
aprendizagem na escola, alterações nas habilidades de comunicação linguística.
Ausência de emissão oral e prejuízo significativo no reconhecimento e execução
de ordens simples. Comprometimento significativo das habilidades sintática,
semântica, fonológica e pragmática da linguagem, o que caracteriza um quadro de
Distúrbio da Linguagem. Dificuldades para compreender e estruturar a narrativa
oral, evidenciando assim, falhas na correlação lexical e no uso de elementos
gramaticais, nesses casos o sujeito geralmente apresenta narrativa curta e
simplista do ponto de vista estrutural. Os indivíduos que sofrem com a SAF,
demonstram habilidades para manter o tema abordado, porém, com prejuízos
significativos no que se refere à troca de turno e a escolha e introdução de
novos temas. Dificuldades nas
habilidades de raciocínio lógico e matemático e no aprendizado das regras de
decodificação grafema-fonema.
Habilidades Motoras
O recém-nascido de uma alcoolista grave mama pouco,
é hiper excitado, e hiper sensível, tem tremores, é irritável, hipotonia
muscular, além de alteração do padrão do sono, pode ter apneia, déficit de
atenção, transpira muito, hiperatividade e dificuldades na fala devido à
alteração da anatomia do maxilar, à
disfunção motora do músculo orofaríngeo e ao déficit auditivo.
Habilidades Comportamentais E Emocionais
O perfil comportamental das crianças
com SAF inclui problemas com a fala e a comunicação (p.ex., falam demais e/ou
muito rapidamente, interrompendo o discurso de outros); dificuldades tais como:
desorganização e perda de pertences; labilidade emocional, como mudanças de
humor ou reações extremadas; disfunções motoras; desempenho escolar pobre;
dificuldade em iniciar/completar tarefas; pouca atenção; interações sociais
deficientes; respostas fisiológicas incomuns, como hiperacusia; hiperatividade
e distúrbios do sono dificuldades sociais, desajustes emocionais e familiares,
abuso de álcool e de outras drogas, problemas de saúde mental, comportamento
sexual inapropriado, vitimização, desemprego, problemas legais e morte
prematura.
Outras
Características
Bebês nascidos com a síndrome costumam apresentar
malformações na face, tais como: lábio superior bem fino, nariz e maxilar de
tamanho reduzido, cabeça menor que a média, anormalidades cerebrais,
apresentando falta de coordenação motora e distúrbios de comportamento, até
retardo mental, malformações em órgãos como rins, pulmões e coração. Crianças
com SAF podem apresentar sintomas como dificuldades de sucção, opistótono,
hiperexcitabilidade e irritabilidade durante semana ou meses.
Alterações
Neurológicas Na Saf
A SAF é a maior causa de
retardo mental no ocidente. Entre 10 a 20% dos indivíduos com SAF sofrem
convulsões, porém são raras no período neonatal. O SNC é o mais afetado pela
síndrome, contudo o QI pode ser bastante variável, mas geralmente esta entre 60
e 80%.
A microcefalia tem sido
um achado muito importante na SAF, geralmente observada já no período neonatal,
entretanto, pode tornar-se evidente apenas durante o crescimento.
O álcool vem sendo responsabilizado pelos defeitos
do tubo neural, tais como: anencefalia, e meningocele. Clarren, em 1986, ao
estudar as alterações do SNC concluiu que, o desenvolvimento deste pode ser
afetado em qualquer período da gestação. Microcefalia, disgenesia cerebral e
cerebelar, agenesia de corpo caloso e heterotopias neurogliais são, as alterações
neuropatológicas mais frequentes.
Os primeiros 85 dias de gestação constituem o
período de maior neuromigração e a exposição ao álcool nessa fase pode levar a
alterações do córtex cerebral, corpo caloso e da comissura anterior. As
heterotopias neurogliais e as disgenesias corticais resultam das exposições
durante o segundo trimestre e as alterações de substância branca ocorrem no
terceiro trimestre.
Possibilidades
Diagnósticas Para Conhecimento E Intervenção
A intervenção psicopedagógica no
processo de aprendizagem tem seu enfoque no sujeito que aprende em seus vários
contextos: da família, da educação (formal e informal), da empresa, da saúde.
Pautada nesta informação, a necessidade da realização de um diagnóstico de
intervenção psicopedagógica mediante a utilização de instrumentos e técnicas
próprios de Psicopedagogia, que tenham por finalidade a pesquisa, a prevenção,
a avaliação e a intervenção relacionadas com a aprendizagem, contando com um
repertório de informações e habilidades composto pela pluralidade de
conhecimentos teóricos e práticos.
Dentro desta perspectiva faz-se saber
que os objetivos da aprendizagem são classificados em: domínio cognitivo
(ligados a conhecimentos, informações ou capacidades intelectuais); domínio
afetivo, (relacionados a sentimentos, emoções, gostos ou atitudes); domínio
psicomotor (que ressaltam o uso e a coordenação dos músculos). No domínio
cognitivo temos as habilidades de memorização, compreensão, aplicação, análise,
síntese e a avaliação. No domínio afetivo temos habilidades de receptividade,
resposta, valorização, organização e caracterização.
Considerando a utilização de
instrumentos, tem se, a história clínica, que deve ser minuciosa, de modo que
possa se obter uma impressão do tipo de pessoa que é o paciente e sua família,
mas não se deve incluir informações que violem, desnecessariamente, a
privacidade das pessoas envolvidas ou que possam lhes causar constrangimento.
É importante, incluir informações
sobre o background cultural, educacional, profissional e sobre os hábitos e
personalidade do paciente e de seus familiares. Mas, isso deve ser feito em
linhas gerais, restringindo-se às informações que são relevantes para o
diagnóstico e resguardando a privacidade e autonomia do cliente.
O trabalho é todo de natureza
clínica, quase artesanal, uma investigação neurocognitiva é uma forma de exame
do estado mental, o qual deve abordar toda uma série de funções. A exemplo
tem-se os testes de QI (quociente intelectual) que proporcionam resultados que
aproximadamente se distribuem em torno de uma curva normal caracterizando a
distribuição dos níveis de inteligência em uma população.
Uma abordagem importante é baseada em
testes psicométricos, ou seja, pode-se utilizar o fator genérico medido por
teste de inteligência, sendo conhecido como g (ver Teoria g), criado por
Charles Spearman, é determinado pela comparação múltipla dos itens que
constituem um teste ou pela comparação dos escores em diferentes testes;
portanto, trata-se de uma grandeza definida relativamente a outros testes ou em
relação aos itens que constituem um mesmo teste. Isso significa que, se um
teste for comparado a determinado conjunto de outros testes, pode-se mostrar
mais (ou menos) saturado em g do que se fosse comparado a um conjunto diferente
de outros testes.
Baseando-se também em critérios de
diagnóstico do DSM-IV (APA, 1995), que são muito abrangentes e pouco
descritivos, encontra-se na literatura especializada, critérios mais específicos
que caracterizam melhor os transtornos da leitura, da matemática e da escrita
que podem auxiliar no diagnóstico de transtornos sendo estes, segundo Sacristan
(1995): dificuldade para diferenciar as letras; dificuldade para unir letras e
sílabas; inversão de letras e sílabas; substituição de letras e sílabas;
supressão ou adição de letras; leitura oral lenta, sem pontuação; falta de
compreensão do que é lido.
Garcia (1998), também descreve
dificuldades dos transtornos sendo gramaticais, fonológicos e viso espaciais,
este mesmo autor define dificuldades de cálculo a partir do não cumprimento dos
requisitos esperados para idade e condição maturacional, que tem como base
requisitos da teoria da evolução de Piaget, referenciados da seguinte forma:
capacidade para compreender igual e diferente, ordenar objetos pelo tamanho,
cor e forma, classificar objetos por suas características; compreender
conceitos de longo, curto, pequeno e grande; fazer a correspondência de 1 a 1;
usar objetos para soma simples; contar até 10; nomear formas e figuras
complexas.
Desta forma crianças entre 6 e 12
anos devem: agrupar objetos de 10 em 10; dizer as horas, reconhecer dinheiro,
medir objetos, medir volume, somar e subtrair, resolver problemas simples
mentalmente, contar a cada 2,5 e 10, julgar lapsos de tempo, estimar soluções.
Para um diagnóstico mais completo, da
aprendizagem, principalmente quando necessário diferenciá-los de outros que
acometem a infância, geralmente, é feito quando a criança está na escola, pois
estes não se tornam muitos evidentes até o momento em que não existe demanda do
trabalho escolar. Crianças na fase pré-escolar podem apresentar extensa
variação em suas habilidades e potencial cognitivo e não devem ser consideradas
afetadas por transtornos específicos da aprendizagem, uma vez que os testes
padronizados para esta fase do desenvolvimento
não são bons previsores de habilidades futuras (Selikowitz, 1998; Batshaw el
al, 1997).
A avaliação deve ser multidisciplinar,
considerando todos os aspectos intrínsecos e extrínsecos ao sujeito. Deve
contar com profissionais médicos generalistas (pediatra), especialistas
(neurologistas, psiquiatras da infância), psicólogos, pedagogos, educadores,
fonoaudiólogos, especialistas em linguagem dentre outros. Todos os profissionais
dentro de suas habilidades técnicas devem avaliar o sujeito em seu momento do
desenvolvimento neuropsicomotor, emocional e social, devem buscar causas,
patologias e/ou comorbidades. O sucesso da intervenção/reabilitação está
intimamente ligado ao diagnóstico correto e completo do sujeito com dificuldade
para aprender.
A idade do aparecimento dos sintomas
dos transtornos específicos da aprendizagem está ligada ao potencial cognitivo,
inteligência do indivíduo, quadros associados, como transtornos hipercinéticos,
baixa autoestima, distúrbios de conduta, que podem mascarar a dificuldade
específica.
Quando iniciei minha investigação com
C.H. mais profundamente, vim, a saber, que o mesmo estava sendo acompanhado
pelo Serviço de Atenção às Dificuldades de Aprendizagem (SADA), sendo este
encaminhado por um neurologista a este centro de atendimento.
Segundo o SADA,
após investigação realizada C.H. apresentou “receio de enfrentar reações de
desafio por não lidar com frustrações: reagindo com apatia ou agressividade,
entre outras dificuldades”, dessa maneira o referido centro de atendimento tem
como suspeita Dislexia, porém, tal dificuldade segundo este centro só é
realmente diagnosticada após sete anos de acompanhamento.
Contudo, como
tenho contato com C.H. toda semana suspeito como psicopedagoga que o mesmo
tenha Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), pois a agitação dele é muito grande, não
se concentra em momento algum, do tempo que trabalho com C.H. foram raras às
vezes em que o mesmo permaneceu algum tempo concentrado em minhas aulas e,
continuando a observá-lo pude perceber uma leve deformidade facial, tem o
crânio aparentemente um pouco maior com a testa um tanto quanto alongada e, por
este motivo não retira o boné de sua cabeça, pois, os colegas de classe tiram
sarro.
Com o tempo,
comecei a conversar com ele e com outros profissionais desta UE, vindo a
descobrir que o mesmo é filho de pais separados e, era conduzido ao SADA pelo
pai, no momento encontra-se morando com sua mãe e deixou de ir as suas
consultas neste centro de atendimento. Vim também, a saber, após várias
conversas com C.H. que, sua mãe realizava uso excessivo de álcool durante a
gestação.
Depois das
observações feitas por mim e informações recolhidas iniciei um trabalho
diferenciado com C.H. e, ele vem respondendo bem a essas atividades, sempre o
coloco perto de minha mesa, converso bastante com ele e sinto que ele tem uma
carência afetiva muito grande.
C.H. vem evoluindo
apesar de não estar mais sendo acompanhado pelo SADA segundo palavras do próprio.
Cabe salientar que,
durante o processo de investigação que realizei com C.H., não realizei uma
anamnese com sua genitora, pois a mesma não é uma mãe presente e durante tal
processo estava de resguardo, proveniente do nascimento de mais um filho.
Atualmente não tenho
mais contato com C.H., pois não leciono mais na unidade escolar onde o mesmo
ainda encontra-se matriculado.
CONCLUSÃO
Com
todas as pesquisas realizadas, observa-se ser de suma importância que se
realize a curto e médio prazo políticas públicas e educacionais sobre o tema
estudado, tais como, uma Lei que obrigue as indústrias de bebidas alcoólicas a
colocarem em seus rótulos advertências sobre os males do consumo deste produto,
como também a proibição de suas propagandas nos meios de comunicação, tais como
televisão, rádio, jornais, revistas, entre outros, pois atualmente no Brasil,
não há tais políticas de alertas e prevenção de tais problemas com mulheres
etilistas gestantes ou não, como nos Estados Unidos, onde essas advertências já
são obrigatórias e que, existam mais lugares apropriados e de fácil localização
para o tratamento destas, já que o mesmo é raro em nosso país.
Cabe salientar que, deve-se imediatamente
iniciar um trabalho de divulgação desta síndrome através de palestras,
seminários, cartazes e folhetos em escolas, postos de saúde, hospitais, igrejas
e comunidade em geral, visando alertar e informar o maior número de pessoas
possível para que essas se conscientizem e procure um tratamento o quanto
antes, pois as consequências da ingestão de bebidas alcoólicas principalmente
durante a gestação são gravíssimas, e o indivíduo acometido com tal síndrome
não terá cura, e em alguns casos pode ocorrer até mesmo à morte do feto/recém-nascido,
com isso conscientiza-se muitos dependentes de álcool, principalmente mulheres
sobre as consequências de se ingerir essa substância durante a gravidez.
Índice de Siglas
EEG
|
Eletroencefalograma;
|
NEE
|
Necessidades
Educativas Especiais;
|
PPM
|
Placa Palatina de
Memória;
|
TC de crânio
|
Tomografia
Computadorizada de Crânio;
|
TDAH
|
Transtorno do Déficit
de Atenção e Hiperatividade;
|
QI
|
Quociente de
Inteligência;
|
RMN
|
Ressonância Magnética
Nuclear;
|
SAF
|
Síndrome Alcoólica
Fetal;
|
SNC
|
Sistema Nervoso
Central.
|
Índice de Doenças
Agenesia
|
Ausência completa de
um órgão e seu primórdio embriológico;
|
Anencefalia
|
Malformação rara do
tubo neural acontecida entre o 16º e o 26º dia de gestação (ausência de
cérebro);
|
Blefarofimose
|
Alteração bilateral
anatômica das pálpebras, onde há o estreitamento anormal da fenda palpebral;
|
Coartação
|
Estreitamento da
principal artéria do corpo;
|
Dextrocardia
|
Nome dado à condição
relativamente rara em que o coração está situado no lado direito do corpo;
|
Disgenesia
|
Distúrbio na
capacidade procriadora. Qualquer anomalia do desenvolvimento;
|
Encefalocele
|
Defeito do tubo
neural, doença na qual ocorre a herniação do cérebro e das meninges por
aberturas no crânio;
|
Estenose
|
Estreitamento anormal
de um vaso sanguíneo, outro órgão ou estrutura tubular do corpo;
|
Hemangioma
|
Crescimento,
geralmente benigno, dos tecidos dos vasos sanguíneos;
|
Heterotopia
|
Conceito da geografia
humana elaborada pelo filósofo Michel Foucault que descreve lugares e espaços
que funcionam em condições não hegemônicas;
|
Hipocalcemia
|
Existência de fraca
concentração de cálcio no sangue;
|
Hipoglicemia
|
Baixo nível de glicose
no sangue;
|
Hipoplasia de maxilar
|
Diminuição da
atividade formadora dos tecidos orgânicos é o hipodesenvolvimento de um órgão
ou tecido pela diminuição do número de células que o compõe;
|
Microcefalia
|
Provocada por uma
insuficiência no desenvolvimento do crânio e do encéfalo, que da origem a um
crânio de tamanho reduzido e a um cérebro inferior ao normal;
|
Microftalmia
|
Anomalia congênita ou
desenvolvida em que o globo ocular é anormalmente pequeno;
|
Mielocele
|
Hérnia medular na
espinha bifendida;
|
Megaureter
|
Caracterizada pela
presença de ureter dilatado (acima de 7 mm) associado ou não à dilatação do
trato urinário superior;
|
Meningocele
|
Herniação das
meninges;
|
Opistótono
|
Arqueamento posterior
da cabeça e membros inferiores;
|
Ptose
|
Condição em que a
borda palpebral superior está situada abaixo de sua posição normal de 2 mm,
cobrindo o limbo superior em posição primária do olhar;
|
Sinostose
|
Anormalidade
embriológica que resulta na visível união entre 2 ou mais dedos das mãos ou
dos pés.
|
Bibliografia
FABBRI, C. E. Desenvolvimento
e Validação de Instrumento para Rastreamento do Uso Nocivo de Álcool Durante a
Gravidez (T-ACE). Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto - Departamento de Medicina Social.
FIGUEIRA, M. J. V. (1997). Síndroma Alcoólica Fetal: um estudo de caso. Braga: Instituto dos
Estudos da Criança. Universidade do Minho.
FREIRE, T. de M., MACHADO, J. C., MELO, E. V. de., MELO, D.
G. (2005). Efeitos do Consumo de bebida
alcoólica sobre o feto. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.
LIMA, J. M. B. (2008). Álcool
e Gravidez – Síndrome Alcoólica Fetal – SAF: Tabaco e outras drogas. Rio de
Janeiro: Medbook. Editora Científica.
PASSINI JUNIOR, R., (1992). Determinantes Pre Gestacionais e Gestacionais de Baixo Peso ao Nascer. Faculdade
de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.
RIBEIRO, E., PONTE, F. E. da., ARAÚJO, B. (2010). A Síndrome Alcoólica Fetal em Contexto
Escolar. Universidade Católica Portuguesa.
RIBEIRO, E. M., Gonzalez, C. H. Síndrome Alcoólica Fetal: Revisão. Universidade de Genética Clínica
do Instituto da Criança – HC da FMUSP.
Sitografia
http://www.Law.justia.com/cfr/title27/27-1.0.1.1.12.html – Estados Unidos – Acesso
em 05 de março de 2012.
Anexos de Imagens